Osório EE-T1: o ÚNICO tanque de guerra brasileiro

Um marco da indústria militar brasileira

O Osório foi um dos projetos mais ousados já criados pela indústria militar brasileira. Em 2022, ele voltou a ser tema de debate, com discussões sobre a possibilidade de retomar e modernizar seu desenvolvimento.

Criado nos anos 1980 pela Engesa (Engenheiros Especializados S.A.), o Osório era um tanque de batalha principal (MBT) feito para atender o Exército Brasileiro e competir no mercado internacional. No entanto, o projeto enfrentou muitos desafios econômicos e políticos, que acabaram interrompendo sua produção. Mesmo assim, o Osório ainda é lembrado como um exemplo de inovação tecnológica no Brasil.

O que era o Osório?

O EE-T1 Osório é o único tanque de batalha principal (MBT) projetado e desenvolvido integralmente no Brasil. Criado pela Engesa nos anos 1980, ele foi uma tentativa ambiciosa de incluir o país no seleto grupo de nações capazes de produzir tanques de alta tecnologia.

Com sistemas avançados para a época, como controle de tiro computadorizado e blindagem modular, o tanque foi projetado para competir no mercado internacional e atender às necessidades do Exército Brasileiro.

A Engesa desenvolveu duas versões do tanque:

  • EE-T1
    Equipado com canhão de 105 mm, era voltado para atender o Exército Brasileiro.
  • EE-T2 Osório
    Com um canhão de 120 mm, foi projetado para o mercado internacional, especialmente países do Oriente Médio.

O Osório tinha um design modular, o que facilitava adaptações. Ele também era rápido, atingindo até 70 km/h, e incluía tecnologias como visão noturna e controle de tiro computadorizado. Apesar de todas essas qualidades, o tanque nunca foi produzido em larga escala.

Modelos 3D dos tanques Osório EE-T1 e EE-T2 | Foto por Blog ForTe via forte.jor.br
Modelos 3D dos tanques Osório EE-T1 e EE-T2 | Foto por Blog ForTe via forte.jor.br

História

O projeto do EE-T1 Osório começou nos anos 1980, quando o Brasil buscava reduzir a dependência de equipamentos militares importados e fortalecer a indústria nacional de defesa. O país precisava modernizar as Forças Armadas, e a ideia de desenvolver um tanque de batalha principal (MBT) totalmente brasileiro ganhou força. Nesse contexto, a Engesa, famosa pelos veículos EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, assumiu o desafio de criar um tanque competitivo com os melhores do mundo, como o Leopard 2 (Alemanha), M1 Abrams (EUA) e Challenger 1 (Reino Unido).

A Engesa investiu recursos próprios no projeto, sem apoio direto do governo. Isso demonstrava confiança no Osório, mas também trazia um risco financeiro elevado. O tanque foi projetado com tecnologia avançada para a época, incluindo controle de tiro computadorizado, sensores de visão noturna e uma blindagem modular que oferecia proteção sem comprometer a mobilidade.

Fase de testes

O Osório foi submetido a rigorosos testes no Brasil e no exterior. No Oriente Médio, enfrentou condições extremas durante licitações organizadas por países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que buscavam modernizar suas frotas de tanques. O Osório destacou-se pela precisão de tiro, mobilidade superior e facilidade de manutenção, superando os outros modelos.

Na Arábia Saudita, o Osório foi amplamente elogiado e parecia estar próximo da vitória. No entanto, fatores políticos e estratégicos pesaram na decisão, e o contrato foi concedido ao francês AMX-40. A escolha favoreceu a França devido a alianças políticas e interesses comerciais, e não pelo desempenho técnico. Essa derrota foi um golpe devastador para a Engesa, que apostava no sucesso comercial do Osório.

O fim do projeto

Embora fosse avançado tecnologicamente, o Osório sofreu com a falta de recursos e apoio político. Durante a crise econômica dos anos 1990, o governo brasileiro não pôde financiar o projeto, e o Exército decidiu modernizar tanques antigos, como os Leopard 1A5, em vez de investir em novos.

Sem contratos internacionais e com o governo brasileiro optando por modernizar tanques antigos, o projeto perdeu viabilidade. A crise econômica no início dos anos 1990 agravou a situação, levando a Engesa, que dependia do sucesso do Osório, à falência em 1993.

O sonho do Osório chegou ao fim. O projeto foi encerrado, e apenas dois protótipos do tanque foram construídos. Hoje, esses protótipos são preservados como peças históricas.

Tanque Osório | Foto por Blog ForTe via forte.jor.br
Tanque Osório | Foto por Blog ForTe via forte.jor.br

O legado

Apesar de nunca ter sido produzido em massa, o Osório é um símbolo do potencial tecnológico brasileiro. Ele mostrou que o Brasil tinha capacidade para competir no mercado global de defesa, mesmo enfrentando dificuldades econômicas e políticas.

O projeto também serve como um exemplo dos desafios enfrentados por países em desenvolvimento ao tentar criar equipamentos militares avançados. O sucesso de projetos como o Osório depende de investimentos consistentes e apoio governamental.

Esforços de revitalização

Nos últimos anos, houve novas tentativas de revitalizar o projeto. Em 2022, o Exército Brasileiro anunciou planos para desenvolver o Osório II, usando tecnologia moderna. A ideia era substituir tanques antigos, como os Leopard 1A5 e M60, por um novo modelo mais avançado. Para isso, o plano incluía:

  • Recuperar ferramentas da Engesa.
  • Usar os dois protótipos existentes para criar novas versões por engenharia reversa.
  • Firmar parcerias com empresas da Turquia e da Coreia do Sul.

O cronograma previa o lançamento de um protótipo do Osório II em 2025, com início da produção em 2028.

Avanços recentes (2024–2025)

Em 2024, o projeto recebeu novo impulso. Engenheiros que participaram do desenvolvimento original, como Luiz Carlos Miglorancia e Riccardo Furlan, visitaram o Parque Regional de Manutenção/5 (Pq R Mnt/5), em Curitiba. Lá, eles trocaram experiências com os militares que trabalham na manutenção dos protótipos do Osório. Um dos tanques foi parcialmente restaurado e participou de eventos comemorativos, como o centenário das Forças Blindadas em 2021.

Essas iniciativas mostram o esforço do Exército Brasileiro para modernizar o tanque e dar nova vida a esse projeto histórico. No entanto, a viabilidade do Osório II ainda depende de investimentos, parcerias internacionais e avanços tecnológicos.

Tanque Osório EE-T1 no Museu Militar Conde de Linhares | Foto por furenaef via maps.google.com
Tanque Osório EE-T1 no Museu Militar Conde de Linhares | Foto por furenaef via maps.google.com

Situação atual (até 2025)

Produção em massa

O Osório nunca foi produzido em larga escala, principalmente devido à falta de apoio financeiro e político.

Uso operacional

O tanque nunca foi incorporado ao Exército Brasileiro ou a qualquer outra força armada do mundo. Em vez disso, o Exército Brasileiro optou por modernizar modelos antigos, como os Leopard 1A5, como uma solução mais econômica.

Uso em conflitos militares

O Osório nunca foi utilizado em guerras ou qualquer outro tipo de conflito militar. Ele nunca chegou a entrar em produção em massa nem a ser operacionalizado. Apenas dois protótipos foram construídos na década de 1980, e ambos permanecem no Brasil como peças históricas:

  • Um está em exibição no Museu Militar Conde de Linhares, no Rio de Janeiro.
  • O outro foi parcialmente restaurado pelo Exército Brasileiro e é usado em eventos e exposições.

Embora o projeto não tenha atingido seu potencial, o Osório continua sendo um marco na história da engenharia militar brasileira. Seu futuro ainda depende de decisões estratégicas, parcerias e investimentos que permitam transformar o sonho de um tanque 100% nacional em realidade.

Fontes